Seriam
os morcegos os primeiros transmissores da Covid-19?
Coronavírus
(CoVs) são vírus zoonóticos, ou
seja, que infectam animais (domésticos ou não)
e seres humanos. Este é o caso da Covid-19, doença
causada pelo SARS-CoV-2.
Quando se iniciou a pandemia de Covid-19, em Wuhan, na China,
um
estudo publicado em 2020 discutia que sua provável
origem fossem os morcegos. No entanto, outro
estudo científico da mesma época, indicou
que coronavírus semelhantes ao SARS-CoV-2 foram encontrados
também em pangolins. O
vírus que foi encontrado nesses animais é
geneticamente muito parecido com o causador da Covid-19.
Assim, pangolins
passaram a ser apontados como possíveis hospedeiros
intermediários.
Conforme
relatório
divulgado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), em 2021, a tese mais aceita para a origem do
SARS-CoV-2 indica que o vírus foi transmitido do
morcego para um mamífero intermediário, e
dele para o ser humano. Ainda segundo o mesmo relatório,
a hipótese de transmissão direta de morcegos
para humanos por meio de produtos alimentícios é
considerada remota. Já a hipótese de que tenha
havido escape
acidental do vírus a partir do Instituto de Virologia
de Wuhan (WIV) é ainda menos provável.
A hipótese mais aceita atualmente é que tenha
havido um ambiente propício para um hospedeiro intermediário
iniciar o processo de transmissão para a população
humana. Na China consome-se uma grande variedade de carnes,
inclusive de animais silvestres, que tradicionalmente são
comercializadas em espaços denominados mercados
úmidos. Os pangolins, protegidos pelas leis chinesas,
não estavam presentes na lista do mercado de Wuhan.
Entretanto, não se pode excluir a possibilidade de
seu comércio ilegal. Isto é especialmente
problemático pois, neste caso, não há
controle acerca do modo de criação e armazenamento
dos animais para venda e consumo. Por esta razão,
tanto os mercados úmidos quanto seus fornecedores,
também chamados de fazendas
chinesas, foram alvo de muitos questionamentos e críticas
no que diz respeito a condições de salubridade
uma vez que as zoonoses
podem ser transmitidas, dentre outras maneiras, por mordidas
e arranhões, contaminação de alimentos
e água, além do contato com fezes e carcaças.
É
importante salientar que a associação entre
a propagação de zoonoses e indicadores indesejáveis
de saúde pública não implica condenação
de práticas alimentares de povos estrangeiros nem
sua responsabilização pela propagação
da Covid-19. Tampouco justifica preconceitos e ações
de discriminação destes povos. Trata-se, portanto,
de uma questão que envolve aspectos
de biossegurança, geopolíticos e morais.
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